Morreu nesta terça-feira (14), aos 89 anos, o ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica. Ele enfrentava um câncer de esôfago em estágio terminal, diagnosticado em 2023. Em janeiro deste ano, Mujica suspendeu o tratamento após a doença se espalhar para o fígado e passou a receber cuidados paliativos.

Presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, Mujica foi um dos principais símbolos da esquerda latino-americana. Conhecido pela vida simples, morava em uma chácara na periferia de Montevidéu, dirigia um fusca azul e doava parte do seu salário como chefe de Estado para programas sociais.

Antes da política institucional, Mujica integrou a guerrilha do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros e foi preso por quase 15 anos durante a ditadura militar uruguaia, sendo submetido à tortura e longos períodos na solitária. Foi libertado com a anistia de 1985.

Após a redemocratização, fundou o Movimento de Participação Popular (MPP), pelo qual foi eleito deputado em 1994. Também foi senador e ministro da Agricultura antes de se eleger presidente.

Durante seu governo, Mujica legalizou o aborto até a 12ª semana de gestação e fez do Uruguai o primeiro país do mundo a regulamentar a produção e o consumo de cannabis, em 2013.

Casado com a ex-senadora Lucía Topolansky, Mujica se afastou da política em 2020 para cuidar da saúde. Deixou como legado uma trajetória marcada pela coerência, pela humildade e pela defesa dos direitos sociais.